terça-feira, 29 de maio de 2012

My pussy é o poder (?)

Eu até gostaria de escrever sobre a Marcha das Vadias que aconteceu no último final de semana, mas eis que surgiu algo mais interessante nas últimas 48h.

Pois é. Eu concordo que existam melhores palavras pra uma moça se referir a seus próprios genitais. Só que a questão é a seguinte: Até quando existirão essas correntes na web que julgam a mulher que decide agir dessa forma?

Um tempo desses também circulava por aí um post com uma foto de senhoritas dançando funk de uma forma bastante expressiva (por assim dizer) e um texto enorme falando sobre como essas mulheres não deveriam esperar serem valorizadas por homens. Sério isso?

Sabe, a gente tá no século XXI. A mulher nunca teve tantos direitos, tanta liberdade de expressão, tanto espaço na sociedade. E de repente começa essa regressão.
Quer dizer que para a mulher ser decente ela não pode descer até o chão quando uma música toca? Quer dizer que se ela escolhe usar um decote pra mostrar o que tem ela não merece respeito? Quer dizer que se ela escreve em um cartaz 'Minha b*ceta é o poder' ela simplesmente perdeu a noção do que é o movimento feminista?
Tranquilo, sobre o cartaz eu realmente achei uma situação meio complicada e tudo mais... Mas e o direito de ir e vir? E o direito de dizer o que bem quiser? Fico imaginando como está a vida social da guria da foto nesse momento. Uns parafraseando o famoso bordão do Dolabella 'Você traiu o movimento, véio' e outros abraçando a causa.
Só penso que esse parâmetro de autovalorização da mulher é uma coisa completamente individual, uma coisa completamente relativa. Como todas as coisas no mundo que dizem respeito ao próximo, é uma questão de respeitar a opinião e o posicionamento que vai contra ao teu. Eu, por exemplo, fico com mais vergonha por mulheres que usam a palavra 'b*ceta' do que mulheres que dormem com rapazes em primeiros encontros. Acho pior uma mulher agir como um rapaz do que se vestir de uma forma propositalmente sensual (e isso inclui mini-shorts e tops florescentes).
Então me diz, o que diferencia uma ninfomaníaca às escondidas de uma dançarina esporádica de funk? O que diferencia uma virgem com pensamentos baixos de uma suposta promíscua?
O que diferencia uma Dita Von Teese de uma Bruna Surfistinha? (além do óbvio antagonismo no quesito classe, claro)

Se em algum momento dei a entender que criticava o posicionamento dos Carecas que fizeram essa montagem, não me entendam errado, por favor... Eles têm, inclusive, muito mais fluência (e influência, por sinal) para dizer o que pensam do que eu. Aproveitem que estão por aqui e deêm uma conferida na Zine Orgulho 32, que é de extrema relevância.


Bem, concluo o post fazendo alusão à outra canção da própria Valesca Popozuda (a autora da frase do cartaz no início), e afirmo: É minha, é minha, a p*rra da b*ceta é minha.
Até!

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